sábado, 30 de janeiro de 2010

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Página em branco

























Mais uma vez me vejo diante da sedutora página em branco. Endereço do impossível, do impensável, do desconhecido. Ali onde a liberdade se entrega descaradamente e te desafia a mostrar tudo aquilo que os censores morais e econômicos o impedem. Mas depois de ocupado, só haverá espaço para você e o sucesso ou você e o fracasso. Sem lugar para intermediários e bodes expiatórios. Se percebe então o contraditório peso de ser livre.

Depois de uma vida moldada para o encaixe, para organização e sistematização de tudo, fica dificil esquecer os eixos cartesianos e dar o necessário mergulho no caos em busca do novo, do inédito. Quase sempre o medo nos acusa de estarmos fora do sistema e transforma a nossa alva página sedutora em monstruosa Medusa com seu olhar petrificante.

Essa imobilidade logo é vencida por um pequeno impulso elétrico vindo sei lá de onde, quem sabe do próprio caos. Pronto. É o fim da inércia. Sai o primeiro passo, a primeira palavra, o primeiro traço que liga a outro traço e a outros, e a outros. Acionando o turbilhão das nossas memórias, ligando fatos, pessoas, gestos, sensações, cores, etc. Sem perceber esses compartimentos vão se conectando um a um como fossem vagões, e de repente estamos nós viajando descontroladamente em alta velocidade pelo universo desconhecido da imaginação, imprimindo nossas experiências.

Alguns temem o que está por vir e procuram os freios. Param na estação da página em branco e lá ficam em segurança. Outros domam o desconforto, sobem para o teto do trem e surfam de braços abertos dispostos a levantar voo.

Além de nos exercitarmos diariamente no caos, precisamos engrossar o seu caldo com as mais diversas experiências vindas da arte, da ciência e da filosofia.

Depois de uma descarga elétrica energizante, estico a perna direita e dou o primeiro passo desse blog. Espero que além das minhas lembranças, estudos e olhares, possa contar com os vagões caóticos de todos vocês, pois assim poderemos compartilhar momentos enriquecedores nessa viagem rumo ao mundo da ilustração.

Como não temos roteiros, espero em breve enviar notícias de algum lugar da linha do tempo, seja escrevendo sobre o poeta e ilustrador William Blake (1789), um marco na ilustração infantil, seja apresentando os desafios e mudanças proporcionados pela tecnologia do papel digital.

Bem-vindos a bordo!